A síntese do amor*
|
Pintura a óleo de 1870 por Ford Madox Brown | | | | | | | | | | | |
É possível contar nos dedos
quantos livros são capazes de nos fazer mergulhar de cabeça na história.
Principalmente nos levar à antiga e romântica Verona de 1951.
Deparamo-nos com uma obra desse tipo quando nos deixamos levar pelos
sentimentos puros e intensos de “Romeu e Julieta”, um dos maiores
presentes deixados pelo gênio inglês William Shakespeare.
A obra “Romeu e Julieta” se passa na antiga Verona do século XVI, e
põe em cena a rivalidade entre os Montecchios e os Capuletos, uma briga
de famílias que acabou por ajudar o destino à selar o final de dois
jovens amantes. Em um baile de máscaras na casa dos Capuletos, Romeu
Montecchio conhece Julieta Capuleto. A paixão é mútua e instantânea. Ao
descobrir que pertencem a famílias inimigas, os dois se desesperam. Mas o
ódio de uma guerra que não lhes pertencia não consegue sobrepujar o
amor do casal (afinal, o que é um nome?), que opta por se casar
secretamente, com a ajuda do Frei Lourenço. Mas, por obra da fortuna,
acabam por ocorrer desentendimentos e desencontros, o que sela o futuro
de Romeu e Julieta: a Morte.
A peça aborda diversos outros temas, mas sem sombra de dúvidas o que
mais se ressalta em toda a trama é o conceito de amor sem limites, onde a
morte acaba sendo bem vida diante da escolha de uma vida em abstinência
da companhia de seu verdadeiro amor. A essência da tragédia é a força
da paixão. Ela é impulsiva, indomável e muitas vezes movida por pura
teimosia. É possível imaginar que Romeu e Julieta se tornaram um casal
representante do romance por causa dessa força. Até as autoridades
religiosas, tão rígidas ao serem retratadas em outras obras, acabam por
se curvar diante dos jovens amantes de Verona. O maior exemplo disso é o
próprio papel do Frei Lourenço, que recorre a diversos meios (todos
criticados pela sua posição religiosa) para unir o casal.
Algo que não pode deixar de ser notado em “Romeu e Julieta” é que em
momento algum houve hesitação, incerteza ou dúvida, traços típicos das
obras de Shakespeare, nessa reinou o amor inquestionável. Pode ser que o
final seja trágico, mas o que realmente importa é que eles tinham a
certeza do amor.
Muitos se perguntam se a história dos dois jovens realmente
aconteceu, ou se foi somente fruto da imaginação de Shakespeare. Não há
dados suficientes para comprovar que Romeu e Julieta existiram na
realidade, mas isso só torna ainda mais inquestionável a perfeita
técnica utilizada por Shakespeare, uma vez que uma peça escrita tantos
anos atrás continua a despertar a imaginação dos leitores
contemporâneos. Talvez esse desejo de transportar “Romeu e Julieta” para
a realidade se baseie no fato de que hoje a existência de um amor
arrebatador, puro e verdadeiro como esse, é praticamente remota. O que
faz com que os leitores se fiem na esperança de que, pelo menos um dia
no mundo, o amor foi amado como se deveria.
Outro ponto interessante em “Romeu e Julieta” é que amadurecemos
junto com os personagens principais. Romeu abandona sua paixão platônica
por Rosalina ao ver Julieta pela primeira vez, descobrindo o real
sentido do amor. Já Julieta, ao se apaixonar por Romeu, marca a sua
passagem ao “ser mulher”. Ela se torna racional, porém ainda apaixonada
perdidamente, desafiando os desejos de seus pais, se tornando mais
crítica com a Ama, apoiando Romeu mesmo quando este mata seu primo
Teobaldo, buscando uma alternativa diante do iminente casamento com
Páris e acatando esse plano, por mais ousado que seja, e ainda não se
intimida diante da morte, acolhendo esta com os braços abertos uma vez
que não poderia existir sem o seu Romeu.
Muitos criticam a linguagem utilizada na obra, deixando de lê-la
somente por causa da maior dificuldade que esta apresenta, ou então,
procuram adaptações que possuam um linguajar mais contemporâneo. Esse é
um dos piores erros, pois as adaptações deixam a desejar, uma vez que
apresentam a história como algo muito sucinto, sem dar a oportunidade ao
leitor de apreciar a real obra de William Shakespeare.
Há muitos filmes que são adaptações de “Romeu e Julieta”, e, apesar
de alguns serem louváveis, a maioria não consegue passar o real
sentimento da obra, algo que só pode ser atingido através da leitura
completa desta, com a fusão entre os sentimentos do leitor e da
personagem.
A história do amor intenso e letal entre Romeu e Julieta é algo
encanta os leitores de diversas gerações. Apesar do tempo, é uma obra
atual, que mostra o amor em seu estado mais verdadeiro e inconsequente. É
impossível ler esse livro sem que ele nos deixe profundamente marcados,
dando suspiros pelo final, que apesar de ser conhecido por todos, não
deixa de ser emocionante, arrancando algumas lágrimas pela intensidade
do sentimento perdido entre os jovens. Resumindo, é uma obra completa,
simplesmente perfeita e digna de inúmeras releituras e publicações que
façam jus a sua fama.
Intenso, encantador, emocionante e atual, isso é Shakespeare.
Fonte:
Ebook
http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/shakespeare/romeu_e_julieta.htm
Sabendo mais sobre a obra:
Brasil Escola
Para ler e pensar
Winkipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Romeu_e_Julieta