O dia do basta. Pela internet, alunos de escola pública de todo o
Brasil marcaram para última segunda-feira (22) um protesto pedindo uma
"escola digna".
A proposta da ação é enviar mensagens para o gabinete do ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, e para as secretarias municipais e
estaduais de Educação denunciando os problemas de suas unidades.
A manifestação é parte da onda de protestos virtuais que começou em agosto deste ano, com a divulgação da página
Diário de Classe feita pela estudante catarinense Isadora Faber, 13, que tornou públicos os problemas da escola em que estuda em Florianópolis.
Agora são ao menos 30 páginas na rede social que reúnem denúncias em
escolas e universidades de 14 Estados brasileiros e do Distrito Federal.
Desveladas na internet, centenas de fotos expõem descuidos com as
unidades escolares. Carteiras quebradas, banheiros sem porta, que não
funcionam, salas de aula abandonadas, lousas quebradas, quadras
inutilizadas, fiação exposta, lixo e reformas inacabadas são alguns dos
problemas apresentados.
Nas mensagens, os alunos também reclamam da falta de professores,
problemas com equipamento eletrônico e da qualidade da merenda.
Entre as 30 páginas encontradas pelo levantamento do UOL Educação, 26
são escolas de ensino fundamental e médio, duas delas são de
universidades e outras duas reúnem diferentes escolas do mesmo
município. A maioria das instituições é de responsabilidade estadual.
São Paulo é o Estado com maior número de páginas (8), a Bahia tem
quatro, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul e
Santa Catarina têm duas cada. Para fechar a lista, ao menos uma página
existe em Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco,
Piauí e Rio de Janeiro.
Foto
publicada na página do Diário de Classe da Escola Estadual São Paulo,
na capital paulista, mostra janelas consertadas; estudantes fizeram
página no Facebook para denunciar problemas Reprodução
Melhorias
Os estudantes deixam claro em suas páginas que a ação é autônoma e
tentam se unir por meio da rede para pressionar as autoridades por uma
escola de qualidade.
INFRAESTRUTURA
-
36,4%
das escolas
precisam de reforma no telhado
-
35,6%
das escolas
precisam reformar as salas de aula
-
23,5%
são depredadas
apresentam problemas como portas e janelas quebradas e paredes e muros pichados
-
65%
não têm biblioteca
Dados compilados por Ernesto Faria a partir do Censo da Educação Básica 2010 e do Questionário Saeb 2009
Como Isadora Faber, que ultrapassou os 340 mil seguidores e
conquistou melhorias para sua escola, alguns jovens percebem resultados imediatos de sua ação.
O aluno Emerson Mendes, de Itamaraju (BA), conta que depois da criação
de sua página a maioria dos problemas de sua escola foram resolvidos: os
banheiros quebrados, as fechaduras quebradas e a fiação exposta. Ele
ainda espera intervenções na quadra esportiva.
No caso da Escola Estadual de São Paulo, o estudante Guilherme (que não
quis divulgar seu sobrenome), 14, afirma que até o momento apenas um
buraco aberto no pátio foi consertado pela escola. Ainda restam salas em
desuso, infiltração, banheiros e janelas quebradas, entre outros
problemas.
Procuradas pelo
UOL, secretarias estaduais afirmam, em
sua maioria, que as redes sociais não são o local para a denúncia de
problemas nas unidades escolares. No entanto, após saberem dos problemas
por meio das páginas dos alunos ou por meio da imprensa,
providências passaram a ser tomadas.
Muitos "likes", mas pouco apoio
Para Gisele Chaves, 17, criadora do Diário de Classe da EEPAC (Escola
Estadual de Ensino Médio Professor Pedro Augusto Porto Caminha), de João
Pessoa (PB), escrever o diário do colégio serviu para que os problemas
fossem divulgados. "Criamos essa página com a finalidade de mostrar a
realidade da escola, isso inclui o lado bom e o ruim, e significa que
sabemos reconhecer quando um trabalho é bem realizado", explica a aluna.
Com quase 3 mil "curtidas" em sua página, Gisele conta que a
participação dos alunos é essencial para um bom resultado. "Na página,
vejo muitos que apoiam, mas ao redor, de verdade, são poucos."
Já Guilherme, que junto com outros amigos, faz o diário da escola, diz
que teve apoio da coordenadoria ao relatar problemas encontrados. "Tem
que mostrar o nome e persistir para poder apresentar os problemas da
escola, porque, só assim, aparece algum resultado", explica o aluno.
Fonte:
Uol Educação com edição do Blog da Biblioteca